sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quem dera

Quem dera
que esses revolucionários
revolucionassem.

Ai, se fossem novos
e não cópias falidas.

Quem? Quem?
Quem dirá, quem dera?

Somos todos semi-novos,
todos gastos.

Quem dera
que "os" pensadores
não pensassem,
tanto.

sábado, 9 de abril de 2011

Buraco

É de desespero o momento em que acordo à noite e nada me faz sentido. Frágil, fico perante a fumaça densa da loucura, o pensamento é rápido, se protege. O eu se precipita para fora da cama, fuça em todos os cantinhos para encontrar uma folha em branco. E em letras amadoras faz o que o primeiro poeta fez, faz e dúvida pela mesma razão que o primeiro poeta duvidou. O eu, o lírico, comunga com todos a desgraça universal do homem: de ser o único a saber e mesmo assim nada saber. Pensar à sério sobre isso é profundamente desesperador, por isso entendo a amargura primeira dos poetas. Porque nessa vida, é um pouco tarde o momento em que aprendemos a desfrutar.
Nada.
Sinto uma costura na incompreensão, meu coração assim como o do primeiro aedo fechou o buraco que com seu medo causou no mundo e usando uma liga forte de palavras, fé e comunicação, restabeleceu o comum acreditar descontraído. E nesse momento poesia e poeta dormem enquanto o meu eu, o não lirico, segue sua rotina.